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Departamento de História (DHIS)

CEFET-MG

Pesquisa de História leva prêmio de destaque na Semana C&T

Terça-feira, 29 de outubro de 2024
Última modificação: Quarta-feira, 13 de novembro de 2024
A estudante Joana França com a medalha e o certificado do Prêmio Destaque Relevância Social

Um dos projetos de pesquisas do Departamento de História foi premiado na 20ª Semana de Ciência & Tecnologia do CEFET-MG, realizada entre os dias 15 e 17 de outubro de 2024. A pesquisa premiada foi “De imagens canônicas a representações dissonantes: as fontes visuais nos livros didáticos de História”, em execução desde 2022, sob orientação da Prof.ª Isis Pimentel de Castro. Segundo a docente, o projeto está em sua segunda e última fase. Na primeira etapa, com a ajuda dos bolsistas Gustavo Oliveira e Fábio Ribeiro, houve o mapeamento da reprodução de todas as imagens em uma das coleções da área de Humanidades do Plano Nacional dos Livros Didáticos (PNLD), de 2021, a fim de testar a intuição da professora e pesquisadora do tema de que estava em desenvolvimento uma nova sensibilidade no uso de imagens nos livros didáticos. Em 2024, com a bolsista Joana França, o projeto entrou em sua última fase, tendo como objetivo mapear apenas a reprodução de pinturas históricas em 9 coleções de livros didáticos, com o objetivo de entender melhor os usos das imagens dos livros de História. Para conhecer mais do projeto na perspectiva de um estudante da instituição, o DHIS resolver entrevistar a ganhadora do prêmio, a bolsista Joana França.

DHIS: Joana, primeiramente, parabéns pelo Prêmio Destaque Relevância Social! Pode nos contar como foi receber esse reconhecimento pelo seu projeto?

Joana: Foi uma grata surpresa receber esse prêmio e ver reconhecido o nosso trabalho e daqueles que vieram antes de mim nesse projeto. Enxergo esse prêmio como uma conquista coletiva que indica que fizemos uma boa pesquisa.

DHIS: Conte-nos um pouco sobre você. Qual seu curso e período? Você já trabalhou em outros projetos de pesquisa na instituição? Quais seus temas de interesse?

Joana: Eu estou no 8° período do curso de Letras e como muitos colegas aproveitei ao máximo meu tempo me dedicando a diversas pesquisas. Minha área de interesse é, primordialmente a literatura, por esse motivo participei do projeto “Espectros da mineração: estudo de imagens literárias e jornalísticas sobre impactos da mineração em Minas Gerais”, apresentado na Semana C&T, de 2023.

DHIS: Seu projeto de pesquisa, orientado pela professora Isis Castro, trata da redução da reprodução de pinturas históricas em livros didáticos de História. Qual é o motivo para explorar esse tema específico?

Joana: O projeto se dedica a esse tema em uma tentativa de analisar o domínio do uso de imagens consideradas canônicas, que são em seu âmago eurocêntricas e nacionalistas e que apareceram nos livros durante muito tempo apenas com caráter ilustrativo; a pesquisa também se preocupa com a redução da utilização dessas imagens sem promover nos alunos os questionamentos a respeito delas, as imagens não são mais vistas na mesma intensidade, mas permanecem no imaginário coletivo e não são ofertadas para serem investigadas criticamente.

A apresentação da pesquisa na 20ª Semana C & T

DHIS: Como você define a importância do uso de fontes visuais nos livros didáticos de História?

Joana: Penso que as fontes visuais nos livros didáticos de História são fundamentais para tornar o aprendizado mais envolvente e promover a interação, entretanto as imagens devem ser relevantes e representativas da diversidade histórica, representações do período em que foram produzidas. Acredito que quando isso não acontece, as imagens precisam no mínimo serem trabalhadas pelo professor com uma perspectiva crítica dos fatos, estimulando o pensamento dos alunos.

DHIS: Você informou que o projeto começou em 2022 e passou por diferentes fases. Podemos contar um pouco mais sobre as etapas do inventário e comparação das coleções aprovadas no PNLD 2016 e 2021? Quais foram as principais descobertas?

Joana: Em 2022 foi realizado o Inventário de todas as imagens reproduzidas nos 6 volumes da coleção “Identidade em Ação” (avaliado como melhor livro didático da coleção de Humanas do PNLD de 2021 pelos professores do CEFET-MG), produzida pela Editora Moderna. O resultado do inventário apresentou uma diminuição significativa no uso de obras de pinturas históricas para este tipo de publicação. Em 2024, a análise realizada foi uma comparação entre 9 coleções, 8 do PNLD de 2021 e 1 de 2020 (livro didático utilizado nos campi do CEFET-MG desde 2010). E o resultado também apontou uma redução no uso de pinturas históricas nessas coleções.

DHIS: Agora, em 2024, vocês estão na fase final, mapeando as reproduções de pinturas históricas nas coleções de Humanas aprovadas no PNLD 2021. Por que o PNLD 2021?

Joana: A escolha pelo PNLD 2021 se deveu ao fato de os professores de História e de outras áreas da instituição não terem aderido ao edital.

Isis Castro e Joana França

DHIS: Você percebeu uma redução significativa na reprodução de pinturas históricas ao longo dos anos? Por que esse gênero de pintura em específico é objeto de análise nos livros didáticos?

Joana: Nossa pesquisa indica que houve sim essa redução no uso de pinturas históricas e esse gênero de pintura é objeto de análise porque sempre gerou reflexões. Seja em sua implantação, quando a pintura histórica representava uma espécie de história visual que formaria uma visão nacionalista da História do Brasil; seja quando seu uso começou a ser questionado como ilustração aos fatos históricos representação. A pintura histórica sempre gerou debate. Um exemplo seria o quadro “Brado do Ipiranga” (1888), de Pedro Américo: a imagem criou na mente de gerações de estudantes a forma como ocorreu a independência do Brasil, mas hoje em dia sabemos que ocorreu algo diferente.

DHIS: Quais são seus planos para o futuro? Pretende continuar na área da pesquisa, tem outros projetos?

Joana: Eu pretendo ingressar no Mestrado após concluir a graduação, permanecendo na área de literatura, que é minha paixão. Posteriormente, gostaria de fazer Doutorado e me dedicar completamente à área acadêmica. Por enquanto. não tenho outros projetos em mente além do TCC, que já tem ocupado bastante meu tempo.

DHIS: Por fim, o que você diria para outros estudantes do CEFET-MG que têm interesse em participar de iniciação científica, mas que ainda não tiveram essa experiência?

Joana: O CEFET-MG oferece oportunidades excelentes de aprender como fazer pesquisa em um ambiente acolhedor, com professores dispostos a ajudar e toda uma instituição dedicada à pesquisa. Acredito que todos que têm interesse na área acadêmica deveriam participar, além de aproveitar chances como a Semana C&T que traz uma experiência única de realizar uma apresentação acadêmica para colegas jovens pesquisadores na mesma situação.

Baixe nosso Caderno de Resumos e conheça todos os projetos de pesquisa, ensino e extensão desenvolvidos pelo Departamento de História no ano de 2024.