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Departamento de História (DHIS)

CEFET-MG

Homenagem a Arnaldo Cardoso – Ditadura Nunca Mais!

Quarta-feira, 5 de abril de 2023
Última modificação: Terça-feira, 11 de abril de 2023

A última sexta-feira – dia 31 de março – marcou os 59 anos do golpe civil-militar que conduziu o Brasil a um período de autoritarismo, suspensão de direitos e repressão violenta. Nesta data, o Grêmio Estudantil Arnaldo Cardoso da Rocha organizou um memorial para o ex-estudante do CEFET-MG que dá nome a entidade, com a parceria do Departamento de História e do SINDCEFET. O ano de 2023 também marca os cinquenta anos do assassinato de Arnaldo Cardoso da Rocha pela ditadura militar em função de sua militância contra regime. 

No evento, familiares e companheiros foram convidados a compartilhar suas memórias com os estudantes da instituição. Dentre os convidados, estava Dona Anete, que aos 101 anos, veio ao mesmo lugar em que seu filho, ainda menino, fez o chamado ensino industrial básico entre 1961 e 1965 para agradecer a homenagem a seu filho, criando um dos momentos mais tocantes daquela tarde.

Na abertura do memorial, a professora de História Ana Marília Carneiro convidou os presentes a refletir sobre a necessidade e o dever de memória e lembrou  que a democracia exige uma vigília constante. Em suas palavras:

“A democracia não é uma consequência natural do fim de um regime ditatorial. A nossa transição pactuada deixou em aberto um caminho para uma série de instituições e práticas autoritárias, permanências com as quais precisamos reconhecer, condenar e romper.  

A temática dos desaparecidos é uma dessas questões não que devem ser consideradas como pertencentes ao passado: a luta pela memória, contra o esquecimento é uma luta de reconhecimento da existência do terrorismo de Estado no Brasil e pela condenação moral desse passado ditatorial. Criar espaços de memória, trazer esse debate ao público, se torna uma necessidade incontornável, uma vez  que o passado “recente” sobre a ditadura militar, está sendo, mais do que nunca, objeto de disputas políticas, simbólicas e discursos negacionistas.

Arnaldo Cardoso Rocha fez parte de uma geração que viveu os conflitos crescentes que marcaram o final da década de 1960 e os anos 1970, um tempo em que a prática revolucionária se mostrava como crença e possibilidade para restabelecer uma ordem social mais justa e menos desigual. Entre os combatentes, a resistência contra o regime ditatorial provinha do entendimento de que a dominação e a desigualdade não eram frutos de causas naturais, e sim produtos históricos, portanto, capazes de serem combatidos e eliminados. Assim compreendemos a agência de Arnaldo e sua geração, como sonhadores e lutadores por um outro mundo possível, um mundo melhor. 

A morte de Arnaldo, assim como de outros militantes vítimas diretas da repressão do Estado ditatorial, podem nos ensinar que as violações aos direitos humanos não são crimes individuais, mas coletivos, parte de um processo nefasto na história política e social do Brasil República. Em outras palavras, a condenação moral das ditaduras torna-se um dos componentes fundamentais da ruptura com esse passado. 

Aos familiares, companheiros e amigos de Arnaldo Cardoso Rocha, sobreviventes, apesar do trauma, da dor e da ausência, nos reunimos neste 31 de março porque acreditamos que a memória é um dever, a luta é contra o esquecimento e porque resistimos, para que nunca mais aconteça”. 

O evento foi organizado pelo Grêmio Estudantil Arnaldo Cardoso da Rocha através dos estudantes: Maria Laura Diniz, Carolina Spadano (HOS2A), Pedro Martins (HOS2A), Clarice Drumond (MEA2A), Gabriela Aguiar (HOS3A), Maria Eduarda Pereira (MEA3A), Leonardo Joaquim Gonçalves (HOS3A), Lucas Alves (HOS3A), Bia Jovem, Julia Natalie, Mar Barbosa (MEA2A), Eurus Saraiva (MEA2A), Maria Luísa Carvalho ELE1) e Leandro Loureço MEC1).